2007-03-29

A crise da Educação Escolar . . .


A situação da educação escolar já há muitos anos que se avizinha «negra» e sem soluções eficazes para a resolução dos seus problemas.
Os alunos estão sujeitos a currículos extensos e repetitivos, dados de forma demasiado rápida e superficial. Os professores, já habituados a esta rotina, não dão a possibilidade de aprofundar um ou outro tema que mais interesse os alunos, nem são capazes de atender às necessidades específicas de cada aluno. A escola passa assim a ser um local de desigualdades e de conflitos, uma vez que alguns se adaptarão melhor do que outros.
Nos últimos anos o governo Português tem tentado combater este insucesso da escola, ao tentar incluir a educação não-formal na educação formal, ou seja, tentando institucionalizar o que não está institucionalizado. No entanto, tais medidas têm se revelado infrutíferas. Não será então o momento de romper de vez com as instituições educativas seguindo o pensamento de Ivan Illich. Segundo ele as actuais instituições deveriam desaparecer e, em seu lugar, ser criados órgãos que estivessem radicalmente ao serviço de cada indivíduo.
O que é curioso é que, apesar de as teses de Illich relativamente ao sistema educativo poderem ser consideradas radicais ou pouco realistas, muitas delas encontram-se hoje parcialmente concretizadas, pelo que é de reconhecer neste autor um certo carácter visionário. Com efeito, a Internet, de uso cada vez mais frequente é tida como indispensável nos dias de hoje, assemelha-se em muitos aspectos às redes de informação e comunicação propostas por Illich.
De igual modo, o recente reconhecimento da importância das escolas profissionais e politécnicas e a valorização dos cursos profissionalizantes, vêm de encontro ao ensino de carácter mais prático e profissionalizante defendido por Illich. Mesmo assim, a nossa sociedade contínua, de uma forma geral, assente na instituição Escola que, de algum modo, alicerça a estrutura e a estabilidade económica e social do mundo actual. Esta escolarização profunda situa-nos longe do grito de libertação preconizado por Illich. Apesar de tudo, cada vez mais existe uma revalorização da educação não-formal e informal, algo que não é apenas justificado pela crise da instituição escolar. No entanto, impulsionou de certa maneira o aparecimento de alternativas educacionais mais flexíveis e mais eficazes no que toca à satisfação das necessidades dos indivíduos, sendo que estas novas alternativas podem mesmo vir a aprofundar essa dita crise da instituição escolar.

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